sábado, 25 de abril de 2009

Phnom Penh

Em Viagem, Dias 22 a 23 [10 e 11-04-2009]
A visita à capital Phnom Penh foi feita em contra relógio e espero não ter ficado com a impressão errada.
Vi Phnom Penh como aquilo que esperava de uma cidade nesta parte do mundo. Uma cidade grande, não muito bonita no geral mas com vários pontos de interesse.
Uma cidade sem edifícios muito altos e muito mais trânsito e confusão que a capital do Laos mas a anos luz da confusão das cidades Vietnamitas.
Aqui e ali as habituais ruas que, especialmente à noite, se enchem de barraquinhas de comida, de vendedores e de gente local.


Palácio Real

Phnom Penh tem varios templos e monumentos a visitar. Os que tive oportunidade de visitar, e recomento, foram o Palácio Real e seus templos naquilo que parece uma miniatura do Palácio Real de Bangkok mas não menos interessante. Lá dentro encontramos o templo "Silver Pagoda" como é referido pelos estrangeiros pela particularidade de o seu chão ser todo revestido em prata. Mas o nome original é "Wat Phra Keo", ou seja, templo do Buda Esmeralda.
Devo dizer que este é o terceiro "Wat Phra Keo" que visito, depois de o de Bangkok e do de Vientiane. Aqui reside uma cópia do Buda Esmeralda e reclama-se, à semelhança do que acontece no Laos, que o original foi roubado pelos Tailandeses quando estes, ha muitos anos, invadiram e pilharam os seus países vizinhos.


Wat Phra Keo (Silver Pagoda)

Continuando em Phnom Penh temos ainda para ver pelo menos o Museu Nacional e o Wat Phnom, templo no topo de uma montanha.


Wat Phnom

Depois, o inevitavel contacto com o pior da história do Cambodja - o periodo de vigencia do regime de Pol Pot, os Khmer Vermelhos.
É duro mas importa não esquecer o pior da História e saber que as atrocidades que o ser humano é capaz de cometer contra os seus pares parece não ter limite.


Algumas das vítimas

Visitamos a S-21, uma antiga escola convertida em prisão e campo de tortura onde as pessoas, na melhor das hipóteses, viviam em condições inferiores a qualquer animal.


Antiga S-21, agora Museu do Genocídio


Inacreditável o regulamento que os prisioneiros eram obrigados a seguir
(clica na imagem para ampliar)

Em seguida os Killing Fields, campos enormes para onde as pessoas eram levadas para serem mortas e despejadas. Aqui fizeram um templo em memória das vitimas. Nesse templo existem prateleiras e prateiras onde foram colocados os cranios (apenas os cranios) encontrados quando as valas foram abertas. A quantidade de corpos é de tal forma grande que mais de metade das valas não foram ainda abertas por não haver mais espaço no templo onde colocar mais cranios. E ainda hoje ao caminharmos podemos ver vários vestigios de ossos debaixo dos nossos pés.


Templo em memória das vítimas


No interior do templo...

Já agora acrescento que esta prisão e este campo não eram os únicos, dezenas de outros como estes existiam espalhados pelo País.
Ainda mais impressionante é ouvir a história contada por alguém que viveu bem de perto este drama. Era uma miúda de 8 anos na altura, o pai foi morto por ser professor, vivia com a mãe num dos campos de trabalho e chegou a ser levada para um local para ser morta por ter sido apanhada com umas batatas doces que arranjou pois a comida que recebiam era manifestamente insuficiente. Felizmente, com muita sorte, conseguiu escapar.


Killing Fields e algumas valas que foram abertas

Este foi talvez o pior genocídio cometido na História da Humanidade. Cometido contra o seu próprio povo, com a maior das brutalidades, sem qualquer razão aparente, pelo menos nenhuma vantagem que eu consiga vislumbrar. E que em pouquíssimos anos dizimou entre um terço a metade da população.


Por debaixo dos nossos pés, num dos caminhos por entre as valas

1 comentário:

  1. No início da tua viagem já estava a decorrer finalmente o PRIMEIRO julgamento, iniciado em meados de Fevereiro, dum líder do Khmer Vermelho. Neste caso o do director da prisão S-21 que, no início do julgamento começou por dizer que se limitou a cumprir ordens mas entretanto já confessou os crimes e pediu desculpa (não se pedem, evitam-se...) aos sobreviventes e familiares...

    Aqui vão links das notícias:
    http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1371599
    http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/7973463.stm

    Para mim, é impressionante como um genocídio destes ocorreu há tão pouco tempo atrás (cerca de 30 anos) e não houve uma união internacional a tentar intervir para por termo.
    Resta dizer que o Khmer Rouge foi ajudado/suportado, pelo menos numa fase inicial (1975), pelo governo dos EUA como agradecimento do apoio dado na guerra do Vietnam...
    E, benditos os Vietnamitas que em 1979 entraram por ali adentro e terminaram com o Khmer Rouge!!!

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