Em 1973, após o final da guerra do Vietname, os EUA retiraram-se da Indochina e em Abril de 1975, o Khmer Vermelho assumiu o poder no Camboja através da conquista da capital Phnom Penh. Foi o término da guerra civil contra o governo de Lon Nol que era apoiado pelos norte-americanos.
Pol Pot era o líder deste grupo, apoiado pelo regime Chinês de Mao Tse Tung, e tentou concretizar a sua proposta de um país novo feito com um homem novo, para o que instalou um regime de terror.
Imediatamente após o domínio do governo pelo Khmer, foi iniciada a evacuação das populações das cidades em direção ao campo. Eram cerca de 2,5 milhões de pessoas e não havia excepções, incluindo-se 1,5 milhões de refugiados de guerra e até os hospitais eram esvaziados e os pacientes deportados para o interior. O governo comunista do Khmer Vermelho alegava a necessidade de alimentar a população urbana, carente devido aos bombardeamentos americanos.
Embora tenham sido lançadas mais de 500 mil toneladas de bombas sobre o território cambojano, quase quatro vezes mais do que as lançadas sobre Japão durante a Segunda Guerra Mundial, este não foi o motivo desta "evacuação". O governo do Khmer Vermelho inicia um programa de execuções implacável que visava todos os funcionários governamentais, policias, militares ou qualquer outra pessoa que tivesse a mínima relação com o governo deposto. O Khmer não executava apenas o "vinculado", mas todos os seus familiares, para eliminar qualquer possibilidade de uma futura vingança contra o regime. O ritmo das execuções viria a diminuir-se, com os condenados a serem enviados para "centros de reeducação", mas mais tarde seria retomado e desta vez os alvos eram os mais cultos e intelectuais, tais como professores.
Entre 1977 e 1978, a violência atingiu o seu auge, com os assassinatos a serem comuns entre os próprios elementos do Khmer e as pessoas mortas por qualquer motivo: por não trabalharem com o desejado afinco, por reclamarem das condições de vida, por guardarem algum bem ou comida para utilização própria, por usarem alguma jóia, por terem relações sexuais não autorizadas, por chorarem a morte de algum amigo ou familiar e até por demonstrarem algum sentimento religioso. Os doentes eram, na maioria das vezes, eliminados.
O número de vítimas não é exacto, as estimativas vão dos 1,5 a 3 milhões de pessoas - foi o maior massacre proporcional à população de um país, ocorrido na história moderna da Ásia.

Inconformados com a barbárie, os líderes do Vietnam ordenam a invasão do Camboja e em 1979 conseguem depor o Líder Pol Pot, pondo um final à matança. Hanói assume o controle do Camboja e o país passará a ser denominado República Popular do Camboja, sob a presidência de Heng Samrin.
O país passa a ser reconstruído e as suas instituições recompostas, embora o sistema colectivista e a economia planificada tenham continuado, adoptando a base do regime marxista-leninista do Vietname.
O Camboja encerra o século com um regime de governo estabelecido por uma Monarquia Parlamentarista, sob a égide de um antigo governante deposto - Norodom Sihanouk .
Depois de passar 18 anos escondido na selva e ter a sua morte anunciada diversas vezes, Pol Pot reaparece em julho de 1997, é capturado e condenado à prisão perpétua domiciliaria. Em 1998 foge para a floresta mas acaba por morrer pouco depois e o seu corpo foi queimado na área rural do Camboja, com várias centenas de ex-Khmer vermelhos presentes.
Um acordo assinado entre o governo cambojano e a ONU, em maio de 2000, determina a criação de um tribunal para julgar os líderes do Khmer Vermelho por crimes contra a humanidade.
Hoje começaram a ser julgados.
Veja a notícia no Público:
Camboja, O genocídio em julgamento
Líder khmer vermelho impávido no início do julgamento
Obrigada pela explicação. Já tinha lido as notícias, mas confesso que já não me recordava desta parte miserável da história. Beijos
ResponderEliminarPois, infelizmente é uma história triste.
ResponderEliminarResta-nos esperar que os erros da História sirvam para alguma coisa e que aquele povo seja mais afortunado no presente e futuro.
Infelizmente, mais uma vez, receio que na realidade isso não esteja para breve. Ainda este fim de semana vi um documentário na SIC Notícias: "Toda a Verdade, Camboja - Viver num Campo Minado". Fiquei a saber que em algumas zonas rurais do Camboja, na sequência dos conflitos passados, os campos estão pejados de minas. As pessoas, obrigadas pela pobreza a cultiva-los, arriscam a vida todos os dias.
Quando aos "bandidos", ao menos que sejam julgados e condenados. O que mesmo assim é muito pouco em relação às atrocidades que cometeram.
Noticia de hoje do DN:
ResponderEliminar"Carniceiro khmer começa a ser julgado no Camboja"
http://dn.sapo.pt/2009/02/18/internacional/carniceiro_khmer_comeca_a_julgado_ca.html