Em Viagem, Asia 2012-13/Semana 16
Tinha que ser, tinha mesmo de sair do Laos e seguir viagem. É dificil abandonar as Si Pan Don (4000 Islands) mas tinha de ser, já estava a ver o calendário muito apertado.
Barco de Don Det para Makasan e depois aparente confusão do costume. Entregamos os formularios de visto para o Camboja com o passaporte e dinheiro a um tipo que desaparece, após alguma espera aparecem umas mini-vans que nos levam até à fronteira. Atravessamos a pé e ficamos uma eternidade à espera na “terra de ninguém”.
Mesmo não sabendo onde raio está o meu passaporte e que o bilhete de autocarro seja um papelito com uns rabiscos as coisas acabam sempre por funcionar e não vale a pena stressar estamos no Laos P.D.R. por isso “Please Don’t Rush”. Aliás é assim em todo o SE Asiático (Singapura não conta)...
Mesmo sem saber porque esperamos horas na fronteira os passaportes aparecem com o visto e o autocarro lá acaba por partir.
Em Stung Treng pára pelo menos mais meia hora porque não sei quem queria mudar o destino e teve de ser levado de mota a uma ATM e entram dois ‘farangs’ (estrangeiros) perdidos que estavam connosco até à fronteira mas que agora aparecem aqui vindos de uma direcção oposta.
Nem quero saber... vou chegar muito mais tarde do que o previsto mas não vale a pena pensar nisso. Pior estão os que seguem directos para Phnom Phen ou Siem Reap.
Finalmente a chegada a Kratie, uma pequena cidade à margem do Mekong, e uma recepção divinal com um dos por-do-sol mais bonitos que já vi.
O primeiro motivo que me fez parar em Kratie foi para quebrar a longa viagem até Phnom Phen. Depois apercebi-me que até seria uma cidade interessante e a partir de onde podia ir em busca daquilo que eu mais queria encontrar no Camboja desta vez: a vida rural e as grandes planicies sarapintadas com arrozais, palmeiras, lagos ou rios. Algo que, na minha visita anterior, apenas tinha visto da janela dos autocarros.
Vindo da Tailandia e Laos, onde os rostos se vestem normalmente com um sorriso, chegar ao Camboja e deparar com a expressão séria dos Khmer pode ser um balde de água fria. Não faço ideia se será uma questão genética ou se marcas de uma história de sofrimento incomparável.
Não me importo, já os conheço, tenho-lhes imenso respeito pela sua história e sei também que, fora de Siem Reap e Phnom Phen, são de uma amabilidade e generosidade imensa.
Assim, nos dias que aqui estive, de bicicleta ou moto, fui em direcção às zonas rurais envolventes distribuindo “hellos” e sorrisos. Quase sempre obtive troco, timidos ou extrovertidos recebi muitos de volta e isso também a mim me reforçou um rasgado sorriso.
Aliás, o contrário também acontece e as crianças não perdoam, ainda eu não as vi e já ouço “hello, hello”, respondo prontamente e procuro os braços que acenam no ar.
Num dos dias aluguei uma bicicleta e comecei por me dirigir para o sul de Kratie, cruzando aldeias e campos.
Ao atravessar um templo de um lado ao outro deparo-me com uma escola.
Não resistir a entrar pelo recreio dentro e os primeiros poucos olás e acenos ou apertos de mão foram-se multiplicando exponencialmente com o aparecimento de mais e mais miudos.
“Do you play football with me?”
“Sure” respondi eu e assim começou a divertida jogatina
Umas centenas de metros mais à frente atravesso os preparativos de um casamento. Enquanto espreito um dos membros da banda vem meter conversa acabando por ser convidado para voltar pela noitinha para comer, beber e dançar!
Segui viagem para a ilha Koh Trong, fica no meio do Mekong, mesmo em frente a Kratie.
Meti a bici no barco que faz as travessias de um lado para o outro e lá fui eu.
Uma experiencia excelente. Koh Trong tem uma dimensão razoável e está quase parada no tempo. É quase um tubo de ensaio onde podemos ver a vida rural do Cambodia como ela é: aldeias, templos, arrozais e campos de outras culturas. Têm ainda grandes areais e uma aldeia flutuante de origem Vietnamita.
Pelo caminho conheci mais um grupo de Cambojanos a relaxar dos seus afazeres aos quais me juntei para conversa, petiscar e beber wisky de arroz.
Com muita pena minha tive de recusar o convite para ir comer cobra, algo que eu muito queria experimentar, pois não teria tempo de apanhar o último barco de volta.
No dia seguinte aluguei uma moto e segui para norte.
Paragem em Kampir onde apanhei um barco na tentativa de ver os raros golfinhos Irrawaddy que habitam no Mekong. E eles fizeram-se mostrar se bem que nunca muito próximos do barco.
Parei ainda no Monte Sombok no topo do qual, para além das vistas inspiradoras, existe um templo e um centro de meditação, em Sambor onde reside o templo dos 100 pilares e mais algumas aldeias à mistura com algumas interações com locais.
Dicas:
No site da iniciativa “Mekong Discovery Trail” encontram-se informações muito úteis e trajectos “do-it-yourself” de como explorar a área envolvente de Kratie.
Na ilha existem duas homestays para quem quiser pernoitar e ter uma experiencia mais próxima mas é necessário marcar antecipadamente. Diversas guesthouses em Kratie podem fazer a marcação.